Especial de aniversário da Três Pontos #3

Mentoria para agentes literários e novos agentes da Três Pontos!

Imagem de divulgação. Sobre uma estrela cor de rosa está o nome da newsleetter: "Muito além do ponto final…". Logo abaixo está escrito "Especial de aniversário 3".

Oláááá, gente!

Aqui estamos com a terceira newsletter especial de aniversário da Três Pontos, e eu queria contar pra vocês sobre um projeto que tem rolado nos últimos meses por aqui.

Entre outubro e novembro, a Dryele (Brito) começou a trabalhar comigo, como minha assistente, e eu vi a necessidade de ensinar pra ela direitinho o que eu faço, formá-la para a função e, no futuro, para ser uma agente literária autônoma. Nessa época, também firmei uma parceria com o Bando Editorial Favelofágico e passei a agenciar duas obras em conjunto com uma representante deles, com o objetivo de servir como um impulso inicial para eles poderem tocar a venda de próximas obras de forma independente. Eu já tinha rascunhado uma ementa de uma matéria sobre agentes literários que tenho vontade de oferecer a alguma universidade no futuro, então acabei juntando a necessidade de instruir essas profissionais com a minha vontade e resolvi oferecer um curso de formação para a Dry e essa representante, e chamei também alguns amigos que já tinham demonstrado interesse em iniciar nessa carreira.

Foi assim que a gente iniciou a turma teste da mentoria para agentes literários, que cobre tópicos como análise de contratos, remuneração para diversos formatos e o escopo de atuação de um agente. Ela é baseada em conteúdo e prática, e acontece em encontros quinzenais de 1h30 por videoconferência, além de acompanhamento e orientação individual meio que sem prazo de validade.

Formar novos agentes sempre foi uma vontade minha, e já tinha feito isso de um jeito meio informal com a Suh Roman, da Afeto, mas conduzir um programa de aprendizado estruturado de longa duração para um grupo de pessoas exige muito mais tempo, estabilidade financeira (pra dispor desse tempo) e confiança de que a gente sabe minimamente o que tá fazendo pra não fazer besteira com a carreira dos outros.

Eu brinco que essas seis pessoas (e outras duas durante as aulas de contratos) foram minhas cobaias, pessoas com quem eu me sentia confortável para testar o funcionamento do curso e que eu sabia que me questionariam e dariam feedbacks honestos sobre a didática e o conteúdo da mentoria.

Hoje estamos prestes a entrar no penúltimo módulo da mentoria, sobre prestação de contas, e a turma já está rendendo frutos: entre os seis profissionais mentorados, já temos quatro contratos assinados com grandes editoras! São dois títulos de autores pretos e dois títulos de autores amarelos, o que me deixa profundamente feliz porque mostra que mesmo nessa turma teste, a mentoria já está em harmonia com os meus objetivos profissionais.

Além disso, três desses mentorados agora integram o quadro da agência como agentes associados, com suas próprias carteiras de clientes: Dryele Brito, Dante Luiz e Jackson Jacques. E eu passo a ser a agente sênior da agência, o que eu acho muito chique (e engraçado).

Arte com os agentes da Três Pontos. Nela,, imagens referentes a cada agente. Na ordem, da esquerda para aa direita: Taissa Reis, agente sênior; Dryele Brito, agente; Dante Luiz, agente; e Jackson Jacques, agente..

Essa “turma teste” foi o passo inicial do verdadeiro objetivo do projeto da mentoria, que é tentar mudar um pouco, dentro do meu alcance, o perfil dos tomadores de decisão, ou “gatekeepers”, do mercado editorial. E é por isso que a primeira turma aberta da mentoria, prevista para se iniciar em Novembro deste ano, será composta majoritariamente de pessoas não brancas, PCDs, pessoas trans e/ou vindas de periferia.

A mentoria é e permanecerá sendo gratuita, vão ser abertas cinco vagas para esse programa de formação e as inscrições para o processo seletivo vão ser anunciadas aqui mesmo nesta newsletter, provavelmente mais pro meio do ano (tenho que terminar o conteúdo dessa turma teste antes hahaha).

Quando falamos sobre equidade e diversidade de histórias, não podemos pensar apenas em diversificar os livros e autores publicados – apesar de já ser um bom primeiro passo –, mas também temos que ir além e observar quem são as pessoas que tomam as decisões sobre os livros publicados pelas editoras, senão podemos acabar com publicações “diversas”, mas que servem apenas ao olhar paternalista de quem está em posição de privilégio social, e as histórias escolhidas como dignas de serem publicadas tendem a cair em um modelo único de representação.

Ao diversificar as pessoas que fazem o "filtro" das histórias que têm qualidade e devem ser ouvidas, diversificamos diretamente as próprias histórias que serão publicadas, de maneira genuína e sem o olhar exotificador da pessoa normalmente cis, branca, hétero, sem deficiência e de classe média alta que escolhe para publicar apenas histórias que retratam a imagem que têm da vivência destes grupos marginalizados.

Sei que não vou mudar o mercado editorial inteiro sozinha (até porque acredito que nada que seja bom para o coletivo se faz sozinho), mas também sei que formar profissionais capazes e que fogem do padrão dos tomadores de decisão atuantes hoje é o que posso fazer – além do meu próprio trabalho – para ajudar mais pessoas a se verem em histórias nas quais elas são representadas de uma forma diversa, complexa e real. Diversificar quem faz as escolhas é essencial para diversificar o resultado.

Assim como o levantamento dos dados sociais da agência, espero que esse projeto da Mentoria não se encerre em si mesmo, mas que também incentive profissionais de outras áreas do mercado editorial a olharem em volta e observarem se o perfil das pessoas ao redor segue um mesmo padrão, ou se há de fato uma diversidade nas vozes que são efetivamente ouvidas dentro de seus departamentos e empresas.

Coisas incríveis da semana

Além das novidades incríveis da Tassi, também temos outras notícias para compartilhar com você!

No domingo, 23/04, o autor Vitor Martins vai participar do #BookFant, o novo quadro do Fantástico sobre literatura! A conversa do Vitor com a Maju Coutinho foi muuuito legal e mal podemos esperar para o episódio ir ao ar. E se você já leu “Se a casa 8 Falasse”, pode participar do episódio: é só comentar sobre o livro aqui no site do Fantástico, e a Maju vai ler alguns dos comentários ao vivo no programa.

E finalmente podemos contar que Arlindo será adaptado para audiovisual!!! Tá rolando um projeto para transformar a história em uma série de animação, e cada detalhe nos deixa em estado de AIMEUDEUS!! O roteiro está por conta do Rafael Gomes, e direção é do Rafael e do Fits.

Gif ilustrado com fundo rosa com riscos amarelos e branco que ficam girando em torno do personagem central, Arlindo: um menino de pele pintada de amarela, cabeça grande e olhos redondos com corações marcando a emoção dele. Na legenda do gif está escrito "Ai meu deus".

E pega o megafone, sobe num banquinho não é só isso! O projeto da animação de Arlindo foi selecionado para o MIFA pitches, um evento na França criado para apresentar os melhores projetos de animação em desenvolvimento no mundo todo. Como se fala “A gente não tá só” em Francês, mesmo? HAHAAHAHA

Agora, por enquanto, é isso. A Tassi volta na próxima quinta-feira com o último texto especial de aniversário e nós esperamos ter mais notícias incríveis para compartilhar! <3